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Sou Real. Não Aceito Photoshop! – Moda e Modéstia
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Sou Real. Não Aceito Photoshop!

Por Julie Maria

Na semana passada aconteceu algo constrangedor comigo: fui buscar algumas fotos que tinha deixado para revelar e quando abri o envelope e me vi nas fotos senti uma sensação terrível, um sentimento que nem sei explicar, algo como um grande susto e uma repugnância ao mesmo tempo.

O fotógrafo, em vez de revelar as fotos como eu tinha pedido, teve a ousadia de mexer no meu rosto, “tirando manchas” (sic). Ele não havia tirado “manchas” (o que já seria errado pois eu não havia pedido), ele me havia deformado fazendo uma “cirurgia” com o photoshop: tirou minhas rugas e me deixou com a pele “bem lisinha” e por isso, totalmente sem expressão.  Não era eu. Não era a minha face. Não era a minha beleza, era uma caricatura.

Fiquei indignada, decepcionada com o fotógrafo e mais ainda com a mentalidade que está por trás disso: a beleza real não é “bem vinda”, nem nas fotos pessoais e muito menos nas capas das revistas de moda que irão girar o mundo. A primeira questão que surge é: quem impõe e quem sai ganhando com esta beleza irreal, falsa, plastificada, que não é possível para ninguém, pois é fruto de manipulações digitais? Não estamos aniquilando a unicidade das personalidades, com suas belezas únicas, com tal de promover uma “beleza a la Barbie” que não chega nem perto da beleza do Criador? Será que sonhar com uma pele lisinha, um rosto sem rugas e um corpo sem gordura não seria uma doença da modernidade que deveria ser tratada em vez de imitada?

Será que não nos falta um novo assombro pela vida humana, em todas as suas fases e idades, começando pelo embrião até a velhice? Sempre estaremos em busca da beleza. Somos criados pela Beleza Infinita e temos sede dela. O problema é que estão mentindo sobre como encontrá-la e não tem ninguém dizendo para estas máquinas de produzir mentiras: “Basta! Eu quero foto real, porque eu sou real!”

Especialmente nas capas de revistas e suas publicidades, que todos os meses abundam nas bancas, a falta de ética profissional destas empresas de usarem photoshop é absurda e precisa ser detida de algum modo. Para isso fizemos a Campanha “Sou Real” onde queremos que toda e qualquer empresa que tenha retocado a foto com photoshop seja obrigada a dizer o nome do profissional que o fez. Afinal, desde quando nos mentem descaradamente e ficamos calados?

No fundo, se pararmos para pensar, ninguém quer ser uma “Barbie”. Nenhum de nós (se estamos saudáveis moralmente) irá preferir ser alguma boneca inanimada (literalmente isso quer dizer “sem alma”), em vez de ser alguém animado (com anima, com alma).

Ninguém, em sã consciência, trocaria as alegrias e tristezas desta vida real, onde atuam pessoas de carne e osso, por um personagem de desenho inanimado, por um filme, por algo que é ficção e que, portanto, não está chamado a ter vida, e muito menos a vida eterna.

Mas não é isso que vemos por aí: a beleza “sempre dependente da subjetividade humana, pode ser reduzida a um esteticismo efêmero, pode se deixar instrumentalizar e ser submetida às modas cativantes da sociedade de consumo.”[1]

O Vigário de Cristo nos ensina: “a vários níveis sobressaem dramaticamente a separação, e às vezes o contraste entre as duas dimensões, a da busca da beleza, mas compreendida de modo redutivo como forma exterior, como aparência que se procura a todo o custo, e a da verdade e da bondade das ações que se realizam para alcançar uma certa finalidade. Com efeito, uma busca da beleza que fosse alheia ou separada da busca humana da verdade e da beleza transformar-se-ia, como infelizmente acontece, em mero esteticismo e, sobretudo para os mais jovens, num itinerário que termina no efêmero, na aparência banal e superficial, ou até numa fuga para paraísos artificiais, mas ocultam e escondem o vazio e a inconsistência interior. [2]

Frente a este esteticismo efêmero, estamos chamados como cristãos a buscar a beleza real: a beleza interior – que tem como fonte o próprio Deus – e a beleza exterior – que se traduz pela vivência da virtude da modéstia. E a beleza exterior não pode ser motivo para abafar a beleza interior, que brilha como fruto da amizade com Cristo.

Escutemos o primeiro Papa exortando as mulheres: “Que o vosso adorno não esteja no enfeite exterior… mas tende aquele ornato interior e oculto de coração, a pureza…” (I Pd 3, 3). Se esta exortação de São Pedro foi um escândalo para os ouvidos de ontem, hoje então é uma loucura! Numa época onde se faz tudo para se ter “aquele nariz”, “aquela boca”, “aquele cabelo” e onde “fazer a lipo”- e não “ser mãe” – virou o sonho da mulher, esta exortação é uma sentença de morte ao “culto ao corpo” tal como é imposto hoje[3].

Se querer aparecer  – a qualquer custo – é um dos desequilíbrios fruto do pecado original, o querer “desaparecer” é  fruto da graça divina: “Que eu diminua e Ele cresça”, nos ensina aquele profeta do qual Nosso Senhor afirmou que,entre osnascidos de mulheres, nãomaiordo que ele.

Será que ainda temos tempo para meditar sobre o verdadeiro sentido da beleza? A minha conclusão é que eu nunca conheci mulheres tão belas quanto as irmãs da Madre Teresa de Calcutá, que se assemelham à sua mãe espiritual em todo o seu esplendor. Onde há doação de si, ali há beleza. E onde há amor se encontra beleza, mesmo onde os “olhos do mundo” só consigam ver feiúra. Por isso estas mulheres, tão belas, encontram beleza nos moribundos, nos doentes, nos anciãos e nos mais pobres entre os pobres.

Será que temos tempo para nos perguntar qual o “corpo esculpido” pode ser comparado à beleza daquele corpo que carrega em seu ventre uma nova vida? E qual o seio é mais belo senão aquele que amamenta? E qual ruga melhor que aquela que transmite uma profunda sabedoria?

Nossa enferma sociedade conseguiu desvirtuar tudo isso, deturpando o sentido nupcial do corpo e tornado as mulheres modernas, que tanto “lutaram por liberdade”, escravas dos photoshops! Escravidão moderna que ilude e mata a unicidade que Deus quis imprimir na sua obra prima: o homem e a mulher criados à imagem Dele, na sua feminilidade e masculinidade.

“Qual outro motivo para ser tentado a refazer a obra de Deus que o desprezo por Ele? Quando alguém reescreve um trabalho de um autor, ele está corrigindo as suas faltas. Quando alguém continua esculpindo a escultura, se está corrigindo os erros do escultor. Quando alguém se modifica a si mesmo, o que ele está fazendo senão tentando corrigir a obra de Deus? Mas o Deus do Universo não produz erros. O que é corrigir algo senão desprezo por ele, uma falta de confiança na sua bondade? Pode um católico realmente justificar tal falta de confiança em Deus?”[4]

Quem nos iludiu a aceitar um único padrão de beleza, como se a uniformidade fosse possível à infinita criação divina? Quem nos iludiu a aceitar colocar como “estrelas” mulheres que deveriam estar no hospício por tentarem assassinar seus filhos ainda no seu ventre? Quem nos enganou a aceitar mulheres prostituindo seus corpos em revistas que, expostas nas bancas pelo país afora, obrigam nossas crianças a verem pornografia? Quem nos seduziu a não reconhecer mais, nos cabelos brancos como os da minha avó, a sabedoria tão desejada? Quem nos iludiu a pensar que possa existir beleza sem graça divina, sem verdade, sem Cristo?

Está na hora de começarmos a Campanha “Sou Real. Direito à Verdade!” contra as publicidades que vendem mentiras e causam gravíssimos danos morais e físicos paras as mulheres. Estou falando sobre as propagandas que literalmente deformam as mulheres com o uso do photoshop (de forma a não ter nenhum fio de cabelo sobrando, nenhuma ruga na testa, nenhuma celulite na perna e nenhuma mancha no rosto plastificado), com intuito de vender um produto e uma beleza totalmente irreal. É preciso exigir a verdade nas propagandas. Não aceitemos fotos irreais, fotos nas quais nem as próprias modelos se reconhecem nelas!

As “mulheres modernas” são tidas por aquelas que “conseguiram tudo o que queriam”, mas na verdade não conseguiram ainda o principal: serem respeitadas na sua realidade mais profunda, na sua feminilidade e beleza autêntica, e não por caricaturas femininas, que jamais existiram e jamais existirão.

Onde estão as mulheres e homens cristãos, que se preocupam em deixar algo melhor para os seus filhos, sobrinhos, netos? Onde estão as mulheres que serão capazes de deixar de comprar revistas e produtos que exibam em suas publicidades “barbies”[5] em vez de mulheres reais, como se isso fosse o “ideal” de toda mulher (idéia que não passa do primeiro estágio se for colocada como tema de reflexão)?

Onde estão as mães, tias, avós e professoras, que vendo suas crianças serem submergidas nesta ditadura de beleza irreal desde a terna idade, serão as novas vítimas desta geração manipulada por photoshops? Onde estão as empresas que “protegem” o consumidor para processar todas (t-o-d-a-s) estas publicidades, começando pelas capas das revistas e produtos de cosméticos, pois estão literalmente mentindo com suas imagens manipuladas, falsas, e irreais?

Está na hora de sairmos nas ruas para dizer: “Basta de fotos retocadas! Eu Sou Real. Eu tenho direto à verdade!” Parece utopia? Eu não acho. Depende de nós. Comece com um ato bem simples, mas que seja fermento na massa: coloque a logo desta Campanha no seu blog, no seu site, e faça parte da geração da Beleza Real!

Mesmo se não estivermos nesta terra quando as pessoas acordarem para a autêntica beleza e for obrigação ética das empresas não usarem photoshop nas suas publicidades femininas, não teremos sido omissos e poderemos contemplar, se Deus quiser, da pátria definitiva, o fermento que fomos. Afinal, a única beleza eterna é Cristo e a Boa Nova!


[1] Doc. Conselho Pontíficio para a Cultura: “A Via da Beleza” em http://www.mscperu.org/mision_evangelizacion/evangelizacion/viapulchritudPCCult.htm

Papa Bento XVI, http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/pont-messages/2008/documents/hf_ben-xvi_mes_20081124_ravasi_po.html

[3] A Teologia do Corpo do Papa JPII é uma resposta inspirada ao “culto ao corpo”. Saiba mais aqui.

[4]Donald P. Goodman III, “Handbook of Modesty”, Goretti Publications, p. 47. O autor, citando a St. Tomás afirma que o a “pintura” estaria justificada para corrigir defeitos por exemplo, durante uma enfermidade.

[5] A boneca Barbie foi inventada para ser vendida a homens que estavam em bares! O inventor mostra com sua vida depravada que ele não fez esta boneca para crianças e sim para  homens adultos. Hoje, esta boneca faz um enorme estrago para adultos e crianças!