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Cirurgia Plástica – Moda e Modéstia
A imagem de mulher-objeto
21 de fevereiro de 2010
Sou Real. Não Aceito Photoshop!
21 de fevereiro de 2010

Cirurgia Plástica

Por Julie Maria

O tema “cirurgia estética” ou “plástica” requer,  antes, uma breve introdução sobre a beleza e a ditadura do photoshop.

Difícil termos, hoje, uma postura equilibrada sobre o nosso corpo e a beleza, especialmente a beleza feminina.

Até duas décadas atrás, a figura da mulher ainda ostentava incontáveis tipos de beleza física pois, é próprio da natureza humana esta riqueza de formas  da beleza natural. Mas esta riqueza foi substituída por um único padrão de “beleza”, produzido, não por Deus mas por mentes e mãos humanas, a partir de recursos como o photoshop. Com este novo bisturi sem dor física, que transforma gente em louça, temos visto e infelizmente veremos cada vez mais, muita dor, perda de vidas e um crescente vazio espiritual desta e das futuras gerações por conta dos frutos deste pesadelo de uniformização irreal da mulher.

Por que chegamos a este ponto? – Porque, além de esquecermos que fomos expulsos do Paraíso (com as conseqüências naturais para o corpo), estamos sendo atacadas por essas modelos irreais, que jamais chegarão a existir como “carne e osso” e, no entanto, se tornam “sonhos de consumo” para muitas mulheres que, como Eva são seduzidas pela serpente – símbolo do pai da mentira,isto é, o demônio. E é muito triste ver mulheres que vivem, principalmente, de suas belezas físicas, serem deformadas em caricatura de bonecas,  após a manipulação do photoshop. Faz tempo que o limite entre uma correção de “mancha” e  a “mudança total de pele/rosto/corpo” foi ultrapassado! Antes a imagem da pessoa era a inspiração para uma obra de arte, um retrato pintado; agora eles usam a imagem original da pessoa, abusam do seu nome e a transformam em uma monstruosidade!

E a Igreja, o que ela nos fala sobre isso? A Igreja não é contra a beleza! Pelo contrário, ela é sua guardiã , pois sua fonte é o próprio Deus, Beleza Incriada:

“A beleza do indivíduo, manifestada, principalmente, pelo rosto, é em si mesma um bem (embora subordinada a outros bens superiores) e, portanto, digna de apreço, e desejável. É, com efeito, um reflexo da beleza do Criador, perfeição do composto humano, sintoma normal da saúde física. Linguagem mude da alma, por assim dizer, de todos inteligível, é ordenada a exprimir no exterior, os valores internos do espírito, pois como ensina o Doutor Angélico, o fim próximo do corpo é a alma racional: por isso, o corpo se pode chamar perfeito, se possui os requisitos todos que o tornem instrumento apto da alma e de suas operações.”[1]

Mas existe um abismo entre esta postura e a realidade de meninas com 16 anos fazendo plástica para “diminuir o abdômen”, para “entrar num vestido”? A ordem , agora, é inversa:  não é mais o vestido que tem que entrar na pessoa, é a pessoa que tem que entrar no vestido (sic). Aonde vamos parar não sei, só sei que o ideal é parar, e já!

Não estamos fazendo apologia à obesidade. Estamos despertando as consciências para reconhecer as infinitas possibilidades de beleza, pois cada pessoa é única e querer uniformizá-la, seguindo o falso padrão “Barbie” é querer destruir o Plano Divino da Criação. Afinal, a boneca Barbie tem de tudo para a personificação da beleza, vestuário e lazer, certo? Mas, alguém conhece seu pai ou sua mãe ? Onde estão seus irmãos, tios, primos, parentes, como toda pessoa tem? E mais importante, cadê a alma da Barbie? Temos de ser assim tão cegos a ponto de não percebermos que ela não pode ser “modelo” para ninguém, muito menos para nossas crianças?

Esta boneca fez 50 anos e continua a mesma garota-porcelana que a indústria, ávida por lucros, continua vendendo, servindo de falso e melancólico modelo para a beleza de pessoas normais, imperfeitas em detalhes físicos, mas potencialmente perfeitas para formar famílias, serem felizes e serem santas, na Eternidade com Deus, que é, afinal, o que todo cristão sonha, ou deveria.

Quando reconhecemos a verdadeira beleza, aquela permitida por Deus, depois do pecado original – que inclui, com honra, barrigas não tão retas porque geraram filhos e seios não empinados porque amamentaram – não seremos mais escravas de tantos modismos que, prometendo “felicidade”, mais facilmente geram frustração e infelicidade. Uma cirurgia após outra, em busca de algo proposto como  “ideal”, não satisfaz a busca da felicidade. Mirem nossa querida e beata Madre Teresa!Benditas rugas que expressam a doação de sua vida! – e me digam: alguma modelo é mais feliz que ela? Ou, qual fez obra tão útil e tão bela?

É preciso  agradar aos olhos de Deus antes que aos homens…  a não ser que queiramos  continuar escravas. A beleza da pessoa, que contagia e irradia a todos, é um conjunto que vai além dos centímetros de gordura ou de celulite.Nasce de uma alma pura, que ama a Nosso Senhor e que tem como modelo de beleza a rainha do Céu e da Terra, Maria Santíssima: aquela que a serpente não conseguiu seduzir:

Quando uma mulher católica deseja mudar o seu seio, a barriga, o bumbum ou todo o seu corpo, ela deve, antes de tudo, se colocar em oração, e se questionar, sinceramente, qual é a intenção que a leva a querer uma cirurgia plástica. Com certeza, se ela quer mudar, ela não está satisfeita com si mesma, mas não basta parar por aqui. Por que não está satisfeita com si mesma? Qual o motivo mais escondido, mais profundo, mais secreto que a faz desejar uma cirurgia plástica? Estas são as perguntas que devem ser respondidas.

Na maioria das vezes, inconscientemente, ela sente a pressão do “dever” frente à sociedade de aparecer “assim” ou “assado”.  Ou até do marido, que também pode estar influenciado pelos critérios do mundo e não reconhece a beleza que vem de Deus. Já para os esposos que amam suas esposas por elas serem quem são – únicas e irrepetíveis -, por sua alma e pela integralidade do seu ser, nenhuma “Miss Mundo” teria condição de disputá-lo com ela! O amor é mais forte que a morte, e mais forte que qualquer cirurgia plástica!

Numa conversa com uma mãe de família, bonita e fervorosa, e que, entretanto, estava com certas dificuldades para viver os valores do Reino, ela me disse exatamente isto: “a sociedade nos exige tais coisas”. Mas, a mulher católica não deve seguir princípios de uma sociedade tão mal orientada como a nossa para tomar tal decisão. Ela deve, isto sim, seguir os princípios que a Igreja, como Mestra que é, nos oferece:

“Numerosos motivos há que legitimam e às vezes, positivamente aconselham a intervenção [mas] é evidente, por exemplo, a iliceidade d’uma intervenção requerida com o intuito de aumentar a própria força de sedução, e assim, mais facilmente, induzir outros ao pecado; ou, intervenções exclusivamente para subtrair um réu à justiça; ou as que tragam prejuízos às funções regulares do organismo; ou queridas por mera vaidade ou capricho da moda”[2].Com esta orientação em mente, quantas mulheres seriam desaconselhadas a fazerem cirurgia plástica? A meta da cirurgia estética é ajudar pessoas que foram deformadas (por um acidente, por exemplo) ou que, por graves imperfeições físicas, sejam incapacitadas de ter uma saudável convivência social. A meta da cirurgia estética não é nem deve, jamais!- satisfazer modas, caprichos e desejos de luxúria.

A conversão a Deus ajuda a que olhemos o nosso corpo e a nossa beleza física de outra maneira. Vamos valorizando aspectos que o mundo faz questão de esconder, mas Deus – que faz novas todas as coisas – nos revela o Seu querer nelas. Um exemplo bem simples são as rugas. Quantas propagandas de cremes para “acabar com as linhas de expressão” vemos nas revistas? No entanto, quem ousaria apagar uma só ruga do belo rosto das minhas avós, que com suas vidas inteiras de oblação, me revelam o verdadeiro valor da beleza? – Ninguém! Porque, quando as contemplo, não vejo vaidade, um rosto plastificado, a fama de uma top model ou proezas de uma garota de programa. Vejo sim o reflexo de sua luta diária para cuidar dos filhos e do lar, servir aos seus esposos e ser- como sempre foram, testemunhos vivos de mulher cristã.  E assim é, pois a beleza só faz sentido quando é elevada pela graça divina, pela virtude, pela fé. Sem estas, ela é como um sopro, que hoje brilha no tapete vermelho e amanhã ninguém se lembra mais.

A vida das santas mulheres nos fazem elevar o olhar e almejar a beleza que não se acaba. Que as mulheres, como Santa Gianna, que já estão no céu intercedam por nós que pelejamos neste vale de lágrimas, neste titubeante Planeta Terra, para que não percamos de vista as coroas que elas já conquistaram, mais belas e valiosas que ouro e prata: a coroa da vida!


[1] Pio XII aos Médicos, pg. 248-251 Discurso no X Congresso de Cirurgia Plástica 1956

[2] Pio XII aos Médicos, pg. 248-251 Discurso no X Congresso de Cirurgia Plástica 1956