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Sobre a utilidade das regras – Moda e Modéstia
Publicidade e Promessas
17 de abril de 2010
Vestir-nos com toda a modéstia
20 de maio de 2010

Sobre a utilidade das regras

Thais dos Santos Domingues

A primeira vez em que parei pra pensar sobre algo pertinente ao tema modéstia, ainda sem nem conhecer esse termo, foi quando ouvi comentários de homens sobre o quanto era difícil ficar “imune” à visão de certas mulheres ao seu redor. Sobre como essa visão levava a pensamentos, e como os pensamentos levavam ao pecado. Achei estranho, não consegui entender, questionei muitas vezes o que é que tinha de errado numa peça de roupa assim ou assado. Não conseguia entender o quanto o meu olhar era diferente do olhar deles. Só pude entender melhor quando, por meio do que me disseram, vi o efeito que isso provocava neles. Lembrei-me de outros comentários semelhantes que tinha ouvido ao longo da vida.

Pouco depois, experimentei eu mesma a situação de ser alvo de um olhar indiscreto e de um comentário grosseiro, em um dia em que, pra mim, a roupa que eu vestia não tinha nada demais. Uma roupa comum, um jeans e uma regata, um chinelo de dedo… Cadê o problema?

Só depois disso conheci efetivamente a questão da modéstia, numa busca na Internet, em um momento no qual eu procurava compreender qual é a aparência que Deus quer para as mulheres cristãs. Queria me livrar da escravidão da vaidade excessiva e da tristeza por não corresponder aos padrões de beleza e moda atuais, e acabei conhecendo e me encantando pela virtude da modéstia. Quanto mais eu lia e aprendia, mais eu ia lembrando de situações pelas quais eu passei na vida. Olhares ou comentários indiscretos, de pessoas mais ou menos próximas, em momentos em que eu estava vestida com roupas absolutamente comuns, que até mesmo minha mãe ou minha avó nunca censuraram.

No meio desse estudo, desse aprendizado e dessas recordações, me deparei com a seguinte orientação:

“Um vestido não pode ser chamado decente se é cortado na largura de mais de dois dedos sob o poço da garganta, que não cubra os braços pelo menos até os cotovelos, e mal chegue até um pouco abaixo dos joelhos. Além disso, os vestidos de materiais transparentes são impróprios.”[1]

Sinceramente, eu não tenho conhecimento suficiente acerca da hierarquia da Igreja pra compreender exatamente o quanto essas regras são “oficiais”. Porém, considero esse pequeno conjunto de regras uma orientação valiosíssima, porque, por incrível que pareça, nos dão liberdade de movimento e nos deixam realmente seguras e protegidas.

Bem… Eu confesso que tenho um sério problema com regras. Sempre fui teimosa e desobediente (não me orgulho disso!). Fiquei com essas regras martelando na cabeça, tentando entender o porquê de um padrão que parece tão rígido comparado com o que geralmente vemos.A resposta que buscava foi surgindo no meu dia a dia. Cada vez que eu ajeitava um decote antes de sair de casa, e ao chegar no meu destino, ele já revelava algo mais do que eu gostaria. Ou percebia que ao me curvar para cumprimentar alguém ou ao ser vista de cima, o decote também revelava mais do que eu gostaria. Cada vez que eu me olhava no espelho um pouco mais atentamente e percebia uma transparência ou uma marca que eu não havia percebido antes. Cada vez que eu vestia uma saia nos joelhos com meias grossas por baixo, e o tecido da saia ia enroscando no da meia, e ao caminhar a saia ia subindo e tornando-se mais indiscreta (e isso aconteceu na semana passada, com a chegada do frio aqui em São Paulo!). Situações que foram acontecendo no meu trabalho, em lugares públicos, na própria Igreja, e que me deixaram desprotegida e exposta. Antes eu não tinha consciência sobre isso. Nos último tempos, eu tinha, e ficava bastante constrangida e insegura nessas situações.

Puxa vida, um dos meus objetivos com a modéstia não era justamente agir com caridade para com os homens à minha volta, evitando expor a eles visões que os levassem ao pecado? E, tendo aberto a minha mente e o meu coração para a modéstia, eu não estava buscando proteger a mim mesma de ser alvo de olhares e pensamentos impuros? Se eu queria atingir esses dois objetivos, eu precisava estar protegida e segura.

Então, qual o critério usar para saber o que eu deveria vestir? Não seria a Igreja, minha Mãe e Mestra, a única que me poderia guiar com firmeza e caridade? Só aí eu consegui entender as tais regras. Entendi que elas existem justamente pra nos dar liberdade de movimento e nos deixar verdadeiramente protegidas contra todos os  ataques  à pureza, e contra a tentação de sermos ocasião de queda para nossos irmãos.

Existem muitos homens, graças a Deus, que têm um bom controle sobre seus impulsos e sobre seu olhar e que conseguem ver uma mulher, mesmo com partes do corpo descobertas, com pureza, enxergando-a integralmente como uma pessoa. Porém, a maioria dos homens não tem um bom controle sobre seus impulsos, muitos até que estão lutando arduamente para purificar seus corações e mentes – glória a Deus por estes! – e que ficam seriamente perturbados por visões de pequenas partes de pele que hoje consideramos banais.

Blusas com decotes cortados mais de dois dedos sob o poço da garganta facilmente deixam os seios (ou parte deles) à mostra quando nos abaixamos um pouco pra pegar algo ou cumprimentar alguém, ou então quando estamos sentadas e outras pessoas nos olham de cima. Calças feitas para mulheres  geralmente marcam pelo menos os quadris e as nádegas até embaixo, revelando toda a forma das áreas próximas aos órgãos genitais femininos. Vestidos e saias que não cubram os joelhos, mostram as coxas e deixam-nos correndo o risco de ficar bastante expostas quando estamos sentadas em frente a outras pessoas, sem falar nos momentos em que subimos uma rampa ou uma escada. E até vestidos que cubram minimamente os joelhos mesmo quando estamos sentadas, com uma meia que engancha no tecido (como aconteceu comigo) ou um vento um pouco mais forte podem se tornar extremamente indiscretos. Tecidos transparentes deixam o corpo e a pele à vista. Roupas com cortes mais justos, ou ainda tecidos finos, mesmo que não sejam tão justos, marcam a roupa íntima. Vestidos ou blusas frente-única ou tomara-que-caia podem fazer uma mulher atrás de um balcão ou sentada num banco à frente despertar na imaginação de um homem a imagem de uma mulher de biquíni ou até mesmo nua. O quanto essas visões afetam os homens à nossa volta? Que tipo de pensamentos desperta neles? Será que estamos realmente ajudando a salvar nossos irmãos – nosso dever[2] – ao defender estes tipos de vestes como adequadas e inofensivas?

E quanto aos biquínis e maiôs, na praia, local onde todo mundo se veste assim? Muitas vezes eu vi homens que estavam comigo nesses lugares ficando horas a comentar e a fazer piada com os corpos das mulheres que viam à sua volta. Erro deles? Claro que sim, mas nós não poderíamos evitar nos expor dessa forma e também evitar os expor a isso?

E o que dizer dos braços? Que “apelo” essa parte do corpo poderia ter, hoje em dia? A resposta, pra mim, veio da recordação do conto Uns Braços, escrito por Machado de Assis em 1896. Neste conto, um jovem vê-se seduzido e atormentado pela visão dos braços da dona da casa em que está hospedado. A visão dos braços da mulher, para ele, tem um apelo tão forte! Houve um tempo, quando a veste feminina era em geral modesta que era isso o que a visão dos braços representava: uma exposição do corpo feminino. Talvez, a sua contínua exposição tenha banalizado essa visão. Provavelmente às custas da perturbação de muitos homens pelas ruas, que não sabiam como lidar com a repentina exposição de braços que viviam sempre cobertos. O que é mais correto fazer? Aderir a uma banalização que talvez não devesse ter acontecido, ou aceitar dar um passo atrás e se colocar fora do alcance dessa banalização? Aceitar o início dessa banalização não é, de alguma forma, aceitar a banalização total do corpo da mulher?

Hoje em dia o nosso olhar está tremendamente viciado pela visão constante de modas imodestas, e muitas vezes, ao nos perguntarmos se nossa roupa agrada a Deus com uma certa pressa, podemos deixar de nos abrir para prestar atenção a certos detalhes como este. Acredito que o nosso olhar precisa ser purificado, nosso senso de estética precisa ser “desviciado” das visões imodestas e diante de tudo isso, eu vejo esse pequeno conjunto de regras citadas acima como algo extremamente valioso, que tem o poder de nos fazer sentir seguras e protegidas, sem qualquer risco de exposição. Acho isso tão maravilhoso! Gostaria de me sentir assim todo o tempo!

Talvez realmente não sejam “regras oficiais” da Igreja, mas se são tão úteis, se nos ajudam a evitar tantas situações de exposição, por que não divulgá-las e segui-las? Por que não aceitá-las? Elas não nos escravizam, elas nos libertam!

Quero ser absolutamente sincera com vocês. Eu ainda não consigo seguir essas regras com perfeição. Eu estou a apenas seis meses na jornada em direção à modéstia, e ainda não tive condições de renovar todo o meu guarda-roupas pra adequá-lo a essas regras, além de ter me deparado com a grande dificuldade de toda mulher que quer ser modesta: a falta de opções nas lojas. Porém, cada passo que dou rumo à modéstia é sempre tendo essas regras em mente. É sempre pensando “Isso é o que consigo fazer por enquanto, mas não está bom porque precisaria melhorar em tais e tais pontos”, ou “Se eu adaptar isso ou aquilo, conseguirei ser mais modesta  e ficar segura”. A cada roupa que visto, eu reflito sobre como ela poderia me deixar exposta, e tento evitar essas situações durante aquele dia. E assim vou caminhando, com confiança e fé de que Deus   logo me ajudará a estar totalmente segura e protegida e refletir no exterior o que já sou: filha de Maria Santíssima, modelo perfeitíssimo de modéstia!

Por isso, cada passo que damos rumo à modéstia deve ser em direção à Ela. Podemos imaginar Maria Santíssima permitindo-se estar em uma situação em que ficasse exposta ou desprotegida? Ela, que foi o mais perfeito sacrário vivo! Pensamos sempre nela como a mãe de Cristo, a que gerou o salvador, e em sua perfeição justamente por ter sido a mãe de Jesus… Mas não nos esqueçamos que Deus a escolheu para ser a mãe de Cristo justamente porque ela já era Imaculada, porque ela já era exemplo perfeito de modéstia e pureza! Deus escolheu Maria para ser enaltecida e para ser o melhor exemplo para todas as mulheres porque ela já cumpria fielmente toda a vontade de Deus Pai para as mulheres!

Calma… Não precisamos nos desesperar por ver o quanto ainda estamos distantes dessa perfeição. Meu objetivo com esse texto não é esse, não quero deixar nenhuma mulher ansiosa ou sentindo-se mal por ainda estar no início do caminho. A caminhada se dá passo a passo. Muitas vezes a transformação é lenta, mas sem um objetivo firme e sem um direcionamento prático e concreto, é impossível haver transformação.

Comecemos a caminhada, passo a passo, com fé em Deus e tendo Maria como exemplo!

 


[2]“ A vida do homem na terra, mesmo na época cristã, permanece sempre uma guerra. Temos que salvar nossas almas e as almas dos nossos irmãos. Hoje, o perigo é certamente maior, porque os meios de excitar as paixões,… Não é verdade que está aí para todo o mundo ver uma moda que é tão exagerada a ponto de dificilmente ser adequada a uma garota cristã?