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19 de fevereiro de 2010

Será que realmente importa o que uma mulher opta por vestir?

Por Edward P. Sri     

Traduzido e adaptado por Andrea Patrícia

Em nosso mundo pós-revolução sexual, vestidos provocativos, mini-saias, biquínis minúsculos, calças de cós baixo e blusinhas decotadas tornaram-se parte do vestuário mainstream para as mulheres de hoje. E qualquer um que possa levantar questões sobre a conveniência de se vestir, é visto como “rígido”, “antiquado”, ou “desconectado” com o estilo moderno. Modéstia não é mais uma parte do vocabulário da nossa cultura. Embora a maioria das pessoas sinta que não querem que suas filhas se vistam como Madonna e Britney Spears, poucos têm a coragem de abordar o tema da modéstia, e ainda menos saberiam o que dizer se tivessem fazê-lo.

João Paulo II – então Karol Wojtyla – em seu livro Amor e Responsabilidade, oferece muito da sabedoria que é necessária sobre a natureza de modéstia e de como se vestir modestamente é fundamental para fortalecer nossas relações com o sexo oposto.

A experiência do pudor

Wojtyla começa a tratar sobre a modéstia com uma explicação de uma experiência humana comum: pudor. O pudor envolve uma tendência para esconder algo – e não apenas coisas más, como pecados, fraquezas e momentos embaraçosos, mas também coisas boas que desejamos para não ficarmos expostos. Por exemplo, alguém que faz uma boa ação pode preferir que sua ação passe despercebida. Se ele é cumprimentado publicamente, pode sentir-se envergonhado, não porque fez algo ruim, mas porque não queria chamar a atenção para a sua ação. Do mesmo modo, uma aluna que recebe notas altas em um exame pode se sentir constrangida quando o professor a elogia na frente de toda a classe, pois ela desejava partilhar sua boa nota apenas com seus amigos mais próximos e familiares. Há muitas coisas boas que desejamos manter ocultas dos olhos do público, e nós sentimos vergonha se elas são trazidas à tona.

Isso nos ajuda a compreender uma das experiências mais poderosas da vergonha: o pudor sexual. Por que os seres humanos tendem a ocultar as partes do corpo associadas com a sexualidade? Por que os homens e mulheres instintivamente cobrem-se rapidamente se alguém do sexo oposto acidentalmente caminha perto deles enquanto eles estão mudando suas roupas ou indo ao banheiro? Wojtyla explica que essa tendência a ocultar as partes do corpo que fazem tanto os do sexo masculino quanto os do feminino não é em si a essência do pudor, mas uma manifestação de uma profunda tendência para esconder os próprios valores* sexuais, “especialmente na medida em que estes constituem na mente de uma pessoa em particular ‘um objeto potencial de prazer’ para pessoas de outro sexo” (p. 176).

Por exemplo, uma mulher pode sentir instintivamente que, se determinadas partes do corpo estão expostas, um homem pode vê-la apenas por seu valor sexual como um objeto de prazer. Na verdade, essas partes específicas do corpo dela revelam seus valores sexuais tão poderosamente que um homem pode ser tragado principalmente não por seu verdadeiro valor como pessoa, mas pelos valores sexuais dela que lhe dão prazer sensual quando a vê e em sua imaginação.

É por isso que temos a tendência de velar os valores sexuais relacionados com partes específicas do corpo – não porque eles são maus, mas porque eles podem ocultar o maior valor da pessoa. Wojtyla, assim diz que o pudor sexual é “uma forma natural de autodefesa para a pessoa” (p. 182). Ela ajuda a impedir que a pessoa seja tratada como um objeto de prazer. Assim, a ocultação de valores sexuais através da modéstia no vestir se destina a fornecer a arena em que algo de muito mais do que uma mera reação sensual pode ocorrer. A modéstia no vestuário ajuda a proteger as interações entre os sexos para que não caiam no utilitarismo, e assim cria a possibilidade do amor autêntico pela pessoa se desenvolva.

Pudor Absorvido pelo Amor

Vestir-se imodestamente impede as possibilidades de desenvolver o verdadeiro amor, pois chama a atenção para seus valores sexuais, de tal forma que ofusca o seu valor como pessoa.

Agora dentro do contexto do amor entre desposados – uma madura auto-entrega de amor entre marido e mulher – não há mais nenhum motivo para vergonha. O amor verdadeiro garante que as experiências sentimentais e sensuais “são imbuídas da afirmação do valor da pessoa, de tal forma que é impossível para a vontade considerar o outro como objeto de uso” (pp. 183-84). Cada pessoa tem plena confiança no amor abnegado do outro. Cada um deles tem total confiança de que eles não são tratados simplesmente como um objeto para o prazer da outra pessoa. Daí, o seu gozo emocional e sensual se baseia em plena doação de amor e em um profundo senso de responsabilidade para com a outra pessoa.

A necessidade de pudor foi absorvida pelo amor maduro por uma pessoa: não é mais necessário para um amante esconder da amada ou de si mesmo uma disposição para desfrutar, uma vez que esta tenha sido absorvida pelo amor verdadeiro governado pela vontade. A afirmação do valor da pessoa permeia tão completamente todas as reações sensoriais e emocionais relacionadas com os tesouros sexuais que a vontade não é ameaçada por uma perspectiva utilitarista. (p. 184)

Este tipo de confiança, no entanto, só pode ser encontrado por completo no amor entre desposados. Somente em um casamento saudável, próspero, a vergonha é absorvida pelo amor dessa maneira. É por isso que nós queremos nos vestir modestamente, quando estamos com os membros do sexo oposto com quem não somos casados. Fora do contexto do amor entre desposados, temos de ter cuidado com o descerramento dos valores sexuais, ou então nós estaremos entregando para sermos usados pelo sexo oposto.

Evitando Ser Tratada Como Objeto

Agora estamos preparados para explorar os três aspectos do pudor sexual apresentado por Wojtyla. Nós já tocamos no primeiro aspecto – como o pudor nos leva a ocultar valores sexuais para que eles não produzam uma reação meramente utilitária na outra pessoa. A mulher deve querer evitar se vestir de uma maneira que, deliberadamente, chame a atenção para seus valores sexuais e obscurece o seu valor como pessoa. Certos tipos de roupa (ou falta dela) obrigam a obter uma reação sensual que a coloca em posição de ser tratada como um objeto de prazer.

Em outras palavras, uma mulher vestida indecentemente pode deliberadamente provocar uma reação sexual ao seu corpo. E ela pode atrair os homens que vejam seu corpo como um objeto de prazer. Mas ela não inspira os homens a amá-la como uma pessoa.

Mas aqui algumas mulheres podem opor-se: “Por que é minha responsabilidade vestir-me modestamente? Se um homem luta com pensamentos lascivos, isso é problema dele, não meu.” Mas esta oposição erra a proposta de Wojtyla. O propósito da modéstia não é apenas o de ajudar a impedir os homens de tropeçar em pensamentos impuros. A modéstia do vestuário tem por objetivo principal proteger a própria mulher. Ela ajuda a evitar que a mulher seja tratada como um objeto de prazer sexual.

Wojtyla oferece duas informações importantes que ajudam a dar sentido a isso. Por um lado, devemos lembrar que somos seres humanos decaídos. Assim, não é fácil para nós evitar uma atitude utilitarista quando vemos o corpo do sexo oposto. A atitude de “eu não deveria ter que me preocupar sobre como eu me visto – que é o problema do homem”, ingenuamente, não leva a sério o pecado original. Como explica Wojtyla, “o homem, infelizmente, não é um ser perfeito cuja visão do corpo de outra pessoa… pode despertar nele apenas um gosto desinteressado que se desenvolve em um afeto inocente. Na prática, também desperta a concupiscência ou o desejo de desfrutar concentrado nos valores sexuais sem ter em conta o valor da pessoa” (p. 190). Como resultado do pecado original, a vontade humana “também aceita prontamente a reação sensual e reduz a outra pessoa… ao papel de um objeto de prazer” (p. 191). E quando tal acontece, Wojtyla chama isso de “despersonalização pela sexualização.” A mulher não é vista por quem ela é como pessoa. Ela é reduzida a um objeto potencial para o prazer sexual. A modéstia do vestuário ajuda as mulheres a evitar que sejam despersonalizadas desta forma.

Por outro lado, Wojtyla continua a lembrar-nos que os homens lutam com a sensualidade muito mais do que as mulheres. Portanto, não é surpreendente que as mulheres possam ter dificuldade em compreender o que realmente constitui um vestido modesto, pois a sensualidade não é tão forte nelas quanto é nos homens. “Como a mulher não encontra em si a sensualidade que o homem como regra não pode deixar de saber que possui, ela não sente uma necessidade tão grande de esconder ‘o corpo como um objeto potencial de prazer’“ (p. 177). Conseqüentemente, muitas vezes as mulheres não percebem que certo modo de vestir ou agir pode realmente ser imodesto. E elas podem não ter absolutamente nenhuma idéia de que a maneira como se vestem pode estar colocando-as na posição de serem vistas pelo homem como meros objetos de prazer sexual. “Muitas vezes, a mulher não considera a maneira particular de se vestir como despudorada… embora alguns homens, ou mesmo muitos homens, podem achar que é assim “(p. 189).

Escondendo nossas reações

O segundo aspecto do pudor sexual é a sua tendência a esconder as nossas próprias reações utilitárias ao sexo oposto quando nós os tratamos como objetos para nossa diversão. Nós percebemos que a pessoa humana não é um objeto de uso, e nós sentimos vergonha se tratamos as pessoas dessa maneira em nossos olhares, pensamentos ou imaginação. No fundo, o homem sente, “eu não devo tocá-la, nem mesmo com um desejo profundamente escondido para desfrutá-la, pois ela não pode ser um objeto de uso” (p. 180).

Considere o que muitas vezes acontece quando um homem está olhando para uma mulher com intenção impura e ela percebe isso. Tão logo é capturado, ele rapidamente tira os olhos dela porque sente vergonha do que estava fazendo. Ele não quer que sua atitude utilitária em relação a ela seja exposta. Ele sabe que não deve tratar uma mulher desse jeito e imediatamente olha para longe.

Inspirando Amor

O aspecto mais importante do pudor sexual é a sua ligação com o amor. Em última análise, a modéstia procura inspirar amor – o amor verdadeiro à pessoa, não apenas uma reação sexual ao corpo de uma mulher. É profundo no coração de uma mulher o desejo de inspirar e experimentar o amor. Assim, uma mulher deve se vestir de maneira que inspire amor por ela como uma pessoa. Mas se vestir indecentemente dificulta as possibilidades de desenvolver o verdadeiro amor, pois chama a atenção para seus valores sexuais, de tal forma que ofusca o seu valor como pessoa. Em outras palavras, uma mulher pode se vestir indecentemente para deliberadamente provocar uma reação sexual ao seu corpo. E ela pode atrair os homens para que vejam seu corpo como um objeto de prazer. Mas ela não inspira os homens a amá-la como uma pessoa.

Aqui vemos que a modéstia do vestuário é sobre muito mais do que ajudar os homens a evitar cair em pecado. E não é simplesmente um “reflexo defensivo” protegendo as mulheres de serem usadas. No final, a modéstia é sobre inspirar uma reação ao valor da pessoa – não apenas aos seus valores sexuais. Como Wojtyla explica, “modéstia sexual não é uma fuga do amor, mas, ao contrário, a abertura de um caminho para isso. A necessidade espontânea para ocultar valores meramente sexuais ligados à pessoa é o caminho natural para a descoberta do valor da pessoa enquanto tal “(p. 179).

O Autor:

Dr. Edward (Ted) Sri é professor adjunto de Teologia no Colégio Beneditino em Atchison, KS, e colaborador freqüente do Lay Witness. Edward Sri é o autor do Mystery of the Kingdom, The New Rosary in Scripture: Biblical Insights for Praying the 20 Mysteries. Seu livro mai recente é a Queen Mother baseado em sua dissertação de doutorado e que está disponível na Benedictus Books.

Notas da tradutora: *O autor usa o termo “values” que foi traduzido por “valores” na língua portuguesa. Ele usa o termo “valor” referindo-se ao tesouro, àquilo que temos de precioso, como algo muito estimado que deve ser guardado.