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Modéstia e maternidade

Por Elenilda Rocha

Em minhas aspirações em vista da maternidade, tinha refletido sobre o grau de aperfeiçoamento que a modéstia – modéstia da alma e do corpo  – tinha me elevado. Grau que não é alto nem exemplar, mas que é específico, que é próximo do sacrifício, da renúncia, da resignação, da abnegação: características que são emblemas da maternidade.

Além disso, umas das primeiras coisas que a modéstia transforma em nós é a visão do feminino: ela nos presenteia com uma imensa gratidão por ser mulher e abre os nossos olhos para a insídia da ideologia de gênero[1] que tem se levantado em nosso meio. E quando vi uma palestra do Frei Paulo – “A maternidade é o elo do amor perfeito” – [2]pude perceber como estão de fato unidas a modéstia com o dom da maternidade: uma guarda a outra.

Considero que a modéstia chega mesmo a promover a maternidade em seus sentidos mais sublimes como a luz que revela o real sentido da sua beleza. Isso acontece também porque adquirimos um cortejo de virtudes que se segue à nossa abertura para uma ou mais verdades. É uma delicadeza que recebemos imerecidamente de Deus! E é oposto ao que acontece quando nos fechamos conscientemente à verdade e, por consequência, muitas áreas da nossa vida se obscurecem.

­A maternidade tem especificidades admiráveis. O contentamento das mães com a cruz é algo singular. Mas muitas mães, é verdade, podem ter empregado na direção errada a sua prontidão para o martírio, pois estamos imersos numa sociedade que não nos prepara para sacrificar-nos pelo outros e nos incita a seguir os impulsos imediatos e geralmente egoístas. A sociedade que tem como slogan “eu mereço ser feliz” se opõe agressivamente a tudo que é santo e tem tentado desfigurar a mulher com a ideologia feminista[3], que, apesar da perniciosa confusão que vem semeando, recruta inúmeros adpetos. Pois o mundo habilmente “pões-lhe vermelhão, uma demão de tinta encarnada, e encobriu-lhe cuidadosamente todo defeito” – Sab 13, 14b.

O resultado desta mentalidade anti-cristã é a ausência de exemplos femininos dignos. Hoje somos estimuladas a seguir exemplos de mulheres que chegaram longe em suas carreiras, mas que para conseguir isso muitas vezes sacrificaram a vida matrimonial[4] e familiar ou a levam de qualquer jeito.

Contudo, não podemos ignorar que o desejo de realização como mãe  dedicando-se integralmente aos filhos é algo inato às mulheres, e é da sua própria natureza o sadio apego a eles. Não se trata, de modo algum, de uma imposição arbitrária, e importa que não tentemos flexibilizá-la. Esta realidade é saudável para o corpo, é saudável para alma, tanto dos filhos como das mães, e do esposo, enfim, é um bem para toda a família. Contudo, o que vemos na sociedade atual é a imagem da mulher que foi levada a empenhar no trabalho a sua inclinação aos sacrifícios.

Conciliar ou Escolher?

escolherEncontrei uma nota a respeito disso sobre a Sra. Anne-Marie Slaughter, uma executiva de um alto cargo no Governo do Obama que deixou este emprego para se dedicar aos dois filhos adolescentes. Apesar de não ter largado todo o seu trabalho – ainda é professora em uma Universidade – ela disse uma verdade que o feminismo fez questão de enterrar: “não podemos ser tudo!”. Mas na nota – que tinha sido feita por uma jornalista – ela estimulava mais a atitude contrária: dar um jeito e “conciliar” a carreira e o cuidado com os filhos.

            Apesar de muitos acreditarem que é possível conciliar estas duas realidades se formos sinceras vamos chegar à conclusão de que é impossível “conciliar” o trabalho fora do lar e a maternidade sem que um dos lados saia irremediavelmente perdendo. E quem perde mais se não são os filhos e a família, já que o horário do trabalho nunca é flexível, mas as mães se tornaram totalmente “flexíveis”, dando aos filhos e ao esposo o tempo e os afetos que sobram após a jornada de trabalho?

            As mulheres sofrem com isso, evidentemente, mas estão sendo condicionadas a achar isso normal, a camuflar a sua dor. O ideal, que não vemos nas revistas nem nas novelas, é que a mãe possa escolher se dedicar aos filhos sem ter que sacrificar a si mesma e a sua família em função de um emprego fora do lar. Mas para decidir fazer isso a mulher deve ter bem claro qual a sua vocação, para que veio ao mundo e como pode contribuir para elevar a sociedade. E saber que será atacada por muitos por esta sábia decisão.

Outro dia, quando falei na universidade que não abrirei mão de educar os meus filhos integralmente, fui olhada de soslaio e até censurada[6]. E o argumento é sempre o mais inconsistente: a “necessidade” de se ter mais dinheiro. Claro que existem casos, muitos infelizmente, que se a mãe não for trabalhar fora, a família não terá os bens materiais básicos para a sobrevivência, mas se isso é feito não é feito sem padecimento. Em outros casos, a finalidade da inserção da mulher do mercado de trabalho é a ascensão da carreira profissional[7], o carro novo, pagar a “melhor” escola, e até conseguir uma TV mais moderna é motivo para os dois cônjuges trabalharem fora ou adiarem a chegada dos filhos.

Mesmo quando eu não tinha clareza sobre muitas questões que tenho hoje, não conseguia conceber a ideia de ter filhos e entregá-los deliberadamente para serem educados por terceiros e não participar ativamente do seu crescimento e desenvolvimento. Via isso como uma violência contra mim e com eles. Jamais pensei que ficar o dia todo longe dos filhos que gerei era algo normal; por isso não é apenas a fé católica que nos esclarece sobre isso e sim a própria realidade da maternidade. O que a fé católica faz é dar, além do sentido humano, o valor sobrenatural desta vocação, dando um sentido pleno a tudo aquilo que fazemos por amor a Deus e à família.

Qual a prioridade para as mulheres?

sb02Li recentemente a declaração de uma jornalista que me encheu simultaneamente de compaixão e desgosto. Ela dizia que no seu “ideal de felicidade nunca houve a cena e uma casa cheia de crianças” e “nunca tinha se visto o papel de mãe”, mas o fato de estar muito feliz em sua segunda união, a fez querer ter uma “família formal” (sic). Mas ela já estava com 38 anos e se surpreendeu com a notícia que seu aparelho reprodutor estava doente. Encurtando o relato, ela sofreu alguns abortos e viu que não poderia mais engravidar, mesmo usando os métodos artificiais para ter filhos, que são de praxe nesses casos.

A jornalista também afirmava que ao esperar da natureza algo que ela lhe tinha negado estava gerando uma infelicidade que não existia. Que admitindo que a maternidade tinha “deadline”, ela poderia aproveitar tudo o que tinha – uma boa carreira, um relacionamento e a possibilidade de viajar quando quisesse – para ser feliz. Considero lamentáveis e vazios os argumentos que ela usou para definir a felicidade, quando, na verdade, no coração de toda mulher está, consciente ou não, o desejo de ser realizada como esposa e mãe. Portanto, seus argumentos parecem mais raciocínios frouxos com intuito de não reconhecer que pode ter sido enganada ou mesmo se iludido com o que seja a felicidade e realização pessoal.

Acontece muitas vezes que mesmo as mulheres que desejam os filhos acabam prolongando indefinidamente a maternidade enquanto cuidam de coisas alheias a sua vocação e quando decidem tê-los, acabam percebendo que correram em vão. Devemos como sempre sermos dóceis à Deus que, prevendo a nossa morosidade e a dificuldade que temos de fazer calar nossos interesses, determina sabiamente o tempo seguro para a concepção de um bebê.

Enfim, não sabemos se a senhora citada teria tido filhos caso tivesse escutado sua natureza feminina na época adequada, mas é certo que a frustração, caso não fosse possível mesmo gerar filhos, seria menor; e, se ela fosse cristã, não haveria frustração alguma, mas apenas resignação tranquila à santa vontade de Deus, podendo adotar filhos ou viver a caridade através da maternidade espiritual.

Mas não é isso que acontece hoje: a mulher nega a culpa que sente ou a diminui e justifica dizendo oferecer “qualidade de tempo” para seus filhos e usa o trabalho fora do lar como algo necessário não apenas para dar bens materiais para eles, mas para que ela mesma se sinta “útil” à sociedade. Agimos como se, diante de Deus, fôssemos prestar contas do sucesso das nossas carreiras e não da realização da nossa vocação como mãe e esposa.[8]

O filho deve ser acolhido como um dom

babyApesar da carreira ser a prioridade para muitas mulheres, raramente   elas desistem de gerar filhos. O problema é que escolhem tê-los na medida em que seja possível conciliar com a vida profissional. O resultado disto não é difícil prever: as mulheres não se sentem atraídas a interromper os progressos na carreira para devotar-se à maternidade com o desprendimento que ela exige, e, consequentemente, adiam a maternidade, relegando-a a um tempo em que podem ter apenas um filho ou dois, só para satisfazer um desejo que pode parecer bom, mas no fundo tem algo de egoísmo.

Exemplo trágico desta mentalidade onde o filho é apenas mais um produto a ser conquistado – ou literalmente produzido em laboratório – é o caso de uma rica senhora que quando escutou o elogio aos seus filhos gêmeos respondeu: “é, eu queria um só, mas na inseminação que fiz vieram dois”. Nesta perversa lógica não importa quantos embriões irão morrer para que eu tenha “o meu produto garantido”; aqui o “eu” é o deus e se desmascaramos esta mentalidade somos tidos como os “tiranos que não querem a felicidade da mulher”. Numa total inversão, o filho não é amado e desejado como fruto do amor entre os pais, mas sim como a meta de um “sonho de ser mãe” a toda custa, como se antes de tudo o filho não fosse um dom, dom para ser acolhido pelos pais.

Por isso, constantemente é preciso bradar, trazer à memória que a peleja inerente ao caminho revela a grandeza do dom da maternidade. Dom que exige uma generosidade sem limites, generosidade que se dispõe a acolher a vida e promover seu desenvolvimento pleno. Acolher e não “escolher” é o que precisamos reaprender das gerações anteriores de mulheres santas.Os temores da maternidade

56c47250472342f6c3a0199b54b921b4Quanto à minha história, eu adquiri diversos temores relacionados à maternidade, fui assenhorando-me de ideias lançadas do exterior e que quase chegaram a me despersonalizar como mulher católica. Nos meus anseios, eu queria coisas boas para os meus filhos, mas no fundo, na base de quase tudo, estava um egoísmo engenhosamente dissimulado – estava o “escolher” em vez do “acolher”. Já tinha desejado ter 8 filhos (6 meninas e 2 meninos), mas o erro é evidente na pretensão de quantidade e na preferência pelo sexo; também cheguei a dizer que queria ter apenas dois só pela experiência de ser mãe; que não queria ter nenhum; que iria adotar alguns porque achava que ter mais de quatro filhos naturais, podendo adotar, seria pecar contra a caridade.

Apavorava-me também a ideia de que, diante do caos que enfrentamos hoje na sociedade, não conseguiria santificar os meus filhos, que suas almas poderiam se perder, já que eu não tinha forças nem perícia para tornar fecunda a minha própria santidade.

Busquei muitas vezes me livrar dos medos que sabia ser injustificáveis, mas nunca tinha conseguido ter confiança de que os meus filhos seriam santos, pois faltava da minha parte abertura à graça divina e aos auxílios do Espírito Santo. Mas por dom da Providência uma das primeiras coisas que mudou no meu processo de conversão foi a minha visão da maternidade. Esta foi mais uma luz robusta que esta época milagrosa trouxe. Acredito que o trato com a vida dos santos, através de boas biografias, também contribuiu para que isso acontecesse. Além do mais, persisti na busca incessante por informações confiáveis[9], algo quase em extinção em nossa época.

A Maternidade e a Cruz

Voltando à meditação sobre a natureza martírica das mães, acho que é muito apropriada uma aproximação com a escolha que fez Nosso Senhor pela Paixão; pois, mais que uma disposição para a doação, vejo a maternidade como uma escolha pelo martírio, com um gozo no sacrifício, e um santo esquecimento de si mesma, que alegremente se dispõe a largar as ambições temporais para cumprir a grande missão de formar almas santas. Em qual outra profissão a mulher teria mais poder para educar uma alma para Deus do que como sendo sua mãe?

Jesus Cristo em seu infinito amor quis sofrer, ser flagelado, coroado de espinhos, ser crucificado para nos redimir com seu sangue, afinal, foi “para isto que Ele veio” – São João 12, 27; e a nós mulheres, cabe servir de receptáculo para o mistério de insondável profundidade que é gerar e educar almas para a salvação – “a mulher se salva pela maternidade”; cabe de maneira especial às mães não deixar que o sangue precioso de Jesus seja ignorado pelas gerações, tornando-se até mesmo “inútil” para tantas almas, cujo coração se obstina em não escutar a voz que ecoa com força do alto Calvário e é capaz de atrair todos os homens.

Não é tarefa fácil, sabemos disto! Mas precisamos amar essa realidade, desejá-la ardentemente e com solicitude, para que a nossa vida tenha uma meta clara, um sentido também sobrenatural, para perseverarmos na doação e assim darmos testemunho da “cruz pela qual veio a alegria a este mundo”, como nos recorda a Liturgia da Sexta-Feira Santa.

E ninguém que reflita seriamente sobre estas realidades pode menosprezar que é nisto que está a nossa verdadeira riqueza, sabedoria, inteligência e o nosso equilíbrio psíquico; e não no relativismo, na permissividade, numa ideologia que pretende nos descaracterizar e nos tornar gregárias.

Tenho consciência que ainda preciso aprender muito sobre a vivência plena dom da maternidade. Mas hoje já sei que sem o amor de Deus facilmente nos desesperamos ou acreditamos poder solucionar tudo sozinhos, quando na verdade Ele nos sustenta. Se estivermos em união com Ele por meio da oração e sendo dóceis aos ensinos da Santa Igreja, Ele nos mostrará dia a dia como devemos agir para agradar ao Seu Doce Coração.

Esforcemo-nos para fazer tudo o que sabemos ser da vontade de Deus, para que nossos filhos reproduzam “as feições do homem celestial” – I Cor 15,49b – e em qualquer situação que nos aconteça possamos dizer como Santa Gianna Beretta: “Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará o necessário para meus filhos”.

Imploremos continuamente o auxílio do Imaculado Coração da Santíssima Virgem – nosso modelo de mãe e mulher – para que assim como ela doou sua feminilidade para que a Verdade pudesse se encarnar em nosso meio, cada uma de nós, livre do obstáculo da ilusão que seduz e obscurece nossas mentes e nos despersonalizam, possamos ser iluminadas pela Verdade e pela Sabedoria que nos conduzem a Bem-Aventurança Eterna!

Que todas as mulheres possam acolher com generosidade o dom da feminilidade e da maternidade, e reconhecer neles a sua verdadeira riqueza e realização, amém!


[1] http://namorocatolico.com.br/blog/matrimonio/ideologia-de-genero-neototalitarismo-e-a-morte-da-familia
[3] http://padrepauloricardo.org/episodios/a-dignidade-da-mulher
[4] http://modaemodestia.com.br/feminilidade/licenca-sou-mae
[5] Um excelente artigo sobre os males do feminismo pode ser lido aqui.
[6] http://namorocatolico.com.br/blog/perguntas-e-respostas/resposta-ao-comentario-da-sra-sandra
[7] http://juliosevero.blogspot.com.br/2007/03/mais-famosa-apresentadora-alem-de-tv.html
[8] http://modaemodestia.com.br/igreja/magisterio/vocacaodamulher
[9] Excelente site com livros católicos para uma sólida formação: http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/